O engraxate vai muito além da pessoa que engraxa, passa panos e escova os calçados de alguém. Pois sua presença dá um brilho especial no centro das grandes cidades. Arqueólogos e Historiadores dizem que esta profissão nasceu na Idade Média, onde funcionários especiais cuidavam dos calçados dos reis. Na mesma época existiam meninos, nas vilas e aldeias, que cuidavam dos sapatos das pessoas em troca de comida. Porém o caso mais conhecido sobre o ofício de engraxate data de 1806. Reza a lenda, que naquele mesmo ano em Nápoles, um general francês socorreu uma senhora que estava passando mal na rua. Como agradecimento, o neto desta idosa, que era um adolescente muito carente, poliu em sinal de respeito as botas do general. O militar ao ver o estado de pobreza que o rapaz vivia, recompensou o pobre com uma moeda de ouro e disse: – Limpe e lustre os sapatos das pessoas, cobre por isto e sua vida mudará. Deste jeito, o rapaz fez um caixote de madeira e passou a engraxar os calçados do povo em troca de dinheiro. Por volta de 1877, após a imigração italiana na cidade de São Paulo surgiram os primeiros engraxates profissionais no Brasil. Eles eram adolescentes italianos que percorriam as ruas com caixas de madeiras com suas latas, escovas e panos. Em Curitiba, também no final do século dezenove, adolescentes italianos também se transformaram em engraxates num local onde hoje é conhecido como Rua XV de Novembro. No período da Segunda Guerra Mundial surgiram os “sciusciás”, jovens que lustravam os calçados dos militares. Mas que também vendiam outros produtos juntos, como: jornais, cigarros, doces e fotos de moças sensuais. A vida destes engraxates foi tema do filme, Sciusciá, dirigido por Vittoria de Sicca em 1946. As cadeiras de engraxates foram criadas por Morris Kohn em 1890. Dizem que ele criou estas cadeiras porque ficou preocupado com as colunas destes adolescentes. Vários artistas e famosos, antes do sucesso, já exerceram a função de engraxate, são os casos do Rei Pelé, o ator Ary Fontoura e do fotógrafo e cineasta, Pavani, da AMP Produções. Pavani trabalhou como engraxate na sua adolescência e disse que esta experiência foi essencial para desenvolver sua habilidade como fotógrafo. Pois um engraxate precisa ter sensibilidade para enxergar o outro além dos próprios olhos. Afinal muitas pessoas contam histórias enquanto têm seus sapatos lustrados. Hoje, infelizmente, esta é uma profissão que está caindo na extinção. Em Curitiba, na Rua Quinze de Novembro, bem na famosa Boca Maldita, algumas cadeiras de engraxates ainda resistem. A abertura do mercado de trabalho, o estímulo de programas como “Jovem Aprendiz”, a inovação da Tecnologia e mudanças na moda colaboram para que a função de engraxate desapareça.
(recolhido da internet)
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